segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

INTRODUÇÃO


“NO INÍCIO ERA O HOMEM, E O HOMEM CRIOU A DEUS, DEUS COMEU DO FRUTO INOCENTEMENTE, O HOMEM O EXPULSOU DO PARAÍSO. E A SERPENTE QUE DE SACANA SE ESCONDIA ERGUEU-SE RISONHA E REINOU SOZINHA”.(Ezequiel Palma)




Separando Deus e Diabo, bem e mal, matéria e espírito, mente e coração, razão e emoção, preto e branco, e assim por diante, foi bem fácil manipular a mentalidade ocidental através do medo. Reforçando o medo em relação à morte e principalmente pós-morte ou morte eterna em contrapardia ao culto do ego, que ao homem justo ficaria eternizado com o milagre da ressurreição.
Mas se pensarmos bem, passar a eternidade com o mesmo ego deve ser muito pior que passa-la no inferno, ou seria isso o verdadeiro vale de lágrimas?
Não sei, mas a idéia vende bem, pois se não fosse assim a mentalidade ocidental tacanha seria mais holística.
Fácil é manipular pelo medo, pois é só o que nossa espécie respeita, ou melhor, já que não aprende a respeitar é obrigada a temer.A criança é avisada milhares de vezes pela mãe que a impede de por a mão no fogo, mas só se conscientiza quando sente a dor do calor.O trauma parece ser mesmo necessário...
O objetivo dessa obra não é defender o culto ao Diabo, nem mesmo converter o leitor ao panteísmo, mas de apresentar e esclarecer a manipulação dos senhores do mundo, mitômanos e ladinos usurpadores pela boa fé, que com o véu da bondade, caridade, humanidade e principalmente em nome da cristandade promoveram genocídios, suicídios, neuroses, autoflagelos e muitas outras calamidades e atrocidades. Fabricaram, transformaram a espécie humana em patéticos marionetes e fantoches imputando-lhes uma auto-imagem de sapientes, coerentes, inteligentes e principalmente filhos de Deus.
Mas se realmente somos filhos de Deus, criados pela sua imagem e semelhança, isso prova que Deus não pode ser apenas Deus, bom, misericordioso, velho de barbas brancas com uma túnica (quase sempre pintado nas igrejas com uma curiosa semelhança com Moisés, pois sendo Deus antropomórfico e apenas bondade, como o pode ter criado a sua imagem e semelhança uma espécie com tamanhos defeitos? Algo deve ter dado errado... Mas se Deus é zoomórfico ou pelo menos antropozoomórfico, aí então, pode ser que Ele seja mais benevolente, pois os animais não matam seu semelhante por capricho nem usurpam ninguém e tão pouco poluem o planeta onde vivem destruindo tudo e a todos. Mas zoomorfismo e antropozoomorfismo ficarão para um capítulo à parte; com essa obra pretendo apenas mostrar uma cosmovisão holística comprovada pela mitologia comparativa universal).
Para ilustrar apresento uma história de minha infância contada por minha avó Maria Luzia: Minha amada avó contou-me que me chamara a atenção, quando tinha eu uns três anos de idade, por viver com o dedo no nariz.Chamou-me de porco.Era um dia chuvoso e à tarde após o almoço dormimos um pouco.Quando acordamos eu disse a ela:
-Voinha, papai do céu também não é muito caprichoso, ele manda chuva que faz barro.




Na minha infância ouvi muitas vezes meu tio Raul cantar uma musiquinha que dizia assim: “Deus e o Diabo na terra do sol jogando futebol não é mal.” Cantava às vezes à mesa, provocando olhares de reprovação dirigidos pela minha avó Maria Luzia.
A letra dessa música me soava uma harmonia, equilibrada amizade, uma certa cumplicidade que chegava a me proporcionar uma engraçada tranqüilidade.Bem diferente do que no catecismo era ensinado abaixo de pânico e pavor do cornudo inimigo.
Lembro que por essa época em que eu tinha de seis a sete anos, muitas vezes, principalmente quando eu estava irritado ou era contrariado, me aparecia uma alucinação, uma figura horrenda, monstruosa, vermelha, que eu julgava ser o diabo que de mim zombava.
Até que um certo dia me apareceu dentro de uma cristaleira, provocando em mim um ataque de fúria que me levou a investir a socos o antigo móvel. Nem se quer um arranhão me causou, mas nunca mais essa aparição se fez presente.Só me custaram um eletroencéfalograma e alguns testes com uma psicóloga, mas nenhum diagnóstico.
No catecismo, para fazer a primeira comunhão, eu questionava muito o pecado original, céu e inferno, concepção sem pecado (imaculada Maria), criação da mulher a partir da costela do homem, e outros contos de fadinhas, estórias pra boi dormir sem a mínima sofisticação que tentaram me colocar goela abaixo, muito mais intragáveis do que as colheres de óleo de fígado de bacalhau que minha mãe me obrigava a tomar diariamente.
.Fui acusado de blasfêmia e heresia por muitas vezes, lembro de que quando irmã Francisca me disse que o único pecado imperdoável era não crer na Bíblia fiquei deveras enfurecido.Pois então que deus é esse que nos obriga a engolir tanta lorota sem nos dar prova nenhuma?
Para resumir, minha passagem pelo catecismo durou três longos anos ao invés de um, sem falar que era obrigado a ir à missa todos os domingos às sete da manhã, missas que muitas vezes interrompi em meio o sermão para questionar o que me torturava no momento.Sei muito bem que o padre Rodolfo me detestava.
O Diabo nunca me pareceu tão mau, tão ruim; os pontos de quimbanda que invocavam ou sincretizavam esú com o demônio me atraiam freneticamente, as imagens antropozoomórficas usadas como deidades na quimbanda, encontrei também na mesma época de minha adolescência no livro de São Cipriano.
Esse sincretismo do diabo com esú tem alguma coerência, pois se podemos associar:
Matéria, negativo, demônio, corpo, pois esú tem o título de BARÁ (REI DO CORPO) Esú é o orisá da relatividade, o comunicador (laroyè) dos deuses, como Hermes (Mercúrio) que é o mais atarefado dos deuses, usa o caduceu para se locomover com grande velocidade entre o Hades (mundo infero) e o Olimpo (mundo celestial), assim como Esú com seu ogó,da mesma forma que Hermes viaja entre o céu (órun) e a terra (aiyé).
Demônio, Satã, Lúcifer, Esú, Satanás, Belzebú, etc.são denominações de nosso corpo físico, nossas necessidades básicas, vitais, limites e instintos (sobrevivência, preservação, etc) é o nosso lado bestial,animal,que não podemos negar por mais que tentemos parecer sapientes,conscientes e superiores aos animais ditos irracionais (animais estes que não destroem por prazer,não pecam,nem poluem o meio ambiente,e muito menos matam seu semelhante por esporte ou sofisticadamente para alimentar seus egos).
Se Deus é antropomórfico e inatingível, tendo criado o homem a sua imagem e semelhança como afirmam certas religiões, isso prova que Ele é bom e mau, que Deus e Diabo são duas faces da mesma moeda.Pois o homem criado a sua imagem e semelhança é bom e mau, sendo muito mais mau do que bom.Segundo Maquiavel que diz:
“Ora, de certa forma, os homens não são diferentes, e ao final, são sempre maus, se não são obrigados, pela necessidade, a serem bons.”
Na cosmovisão hinduísta o absoluto é descrito da seguinte maneira: Na cabeça fica o mundo espiritual, no peito os planetas celestiais, no abdome os planetas intermediários (a Terra, por exemplo) e nos pés os mundos infernais.Nosso planeta por ser intermediário é composto de bem e mal, matéria e espírito, luz e sombra, yin e yang, Deus e Diabo, todos os opostos ocupando as mesmas proporções.
Segundo o mito da criação Yorubá quando Deus (Olodumare, dono dos odús maiores, Deus supremo), veio a terra, trouxe com Ele 801 Irúnmolè, e ao voltar para o orun (céu) levou de volta 401, os Okanlerininwó Irúnmolè, deixando aqui na terra 400,200 da direita: os Igbá Irúnmolè Ojukotún, e 200 da esquerda: os Igbá Irúnmolè Ojukosi.Direita e esquerda, bem e mal, ire e osobo, masculino e feminino.Se não conhecermos o antagonista, não conheceremos o protagonista.A luz sem a sombra nos cega tanto quanto a mais profunda escuridão.
Madame Blavatsky explica na Doutrina Secreta:
“Para os iniciados o Demônio não é uma pessoa, mas uma força criadora do Bem e do Mal, a Natureza.”
Irunmolé são forças da natureza que podem estar em nosso benefício ou malefício, dependendo de onde ou como nos encontramos ou nosso odú.
Alguns Irunmolé tem Orisá (força na cabeça) dando ao ser humano (filho de santo) o arquétipo relacionado com a divindade, que é escolhida por Ori Inú (cabeça interior, pequena porção de Deus que habita nosso chakra cardíaco) pois será com essa energia telúrica (Irunmolé) que facilitará nossa jornada pela face da terra.
Todos os seres humanos estão no mesmo nível espiritual.É muita pretensão de certos mitômanos, principalmente ditos sábios, sacerdotes ou iluminados e eu já encontrei até com ascensionados, julgar-se num plano superior a quem quer que seja.
Existem muitas doutrinas, muitas hipóteses, muitas mentiras e muitas verdades, mas quem é que sabe com certeza e pode provar alguma forma de ver a Deus ou a eficácia de alguma filosofia transcendental?
Maria Bethânia recita no disco Pássaro da Manhã o seguinte poema:
“Eu sei de muita coisa que não vi, e vocês também, eu sei. Não se pode dar prova da existência daquilo que é mais verdadeiro, o único jeito é acreditar, e acreditar chorando...”
Só temos certeza de que estamos vivos.E eu acredito que uma religião que nos ensina a morte de nada pode nos servir, pois agora vivo; tenho de tratar de aprender a viver e respeitar meu semelhante, plantando no mundo algo de bom para as futuras gerações.Isso sim eu entendo que pode se aproximar do que se pode chamar por bom Deus.Porque sem amor, solidariedade e respeito ninguém é capaz de estar ligado ou religado ao Absoluto.
O que entendemos por demônio é a dúvida que nos assalta a todo tempo, é nossa capacidade de pensar e avaliar nossa findável existência material.Crer somente no fantástico e ilusório é fechar os olhos diante do monstro, ele não vai se afastar...Só que me parece que para muitos é melhor não pensar, pois pensar cansa e às vezes até dói.
Como diz Madame Blavatsky na Doutrina Secreta:
“A teologia esqueceu a faculdade humana de discernimento e análise, a que submete tudo o que lhe obriga a reverenciar.”
Em nome de Deus a humanidade até hoje se divide, cada um se julgando o povo ou a pessoa escolhida por Ele.Só que Ele não tem religião, ou pelo menos nenhuma delas pode provar a existência Dele.E por incrível que pareça, não querendo generalizar, até hoje não conheci nenhum ateu de má índole.Será que os ateus estão mais perto Dele que os ascetas?
Diz Crowley no Livro de Thoth:
“Se acontecer das coisas se tornarem más daquele jeito novamente, na nova Idade das Trevas que parece ameaçar, este é o modo de acertar as coisas. Mas se as coisas tem de ser acertadas, isso indica que estão muito erradas”.
A principal meta dos sábios deveria ser livrar a espécie humana da insolência do auto-sacrifício, da calamidade da castidade; a fé tem de ser morta pela certeza e a castidade pelo êxtase’.
As religiões são baseadas na moral adequada à época e as condições demográficas, climáticas e geográficas de cada povo.Falo das religiões que buscam o monopólio e a uniformidade humana, que pregam uma única verdade, prometendo ou ameaçando dádivas ou castigos pós-morte, àqueles que a temem, ensinando o temor e o amor a Deus.
Parece-me bem difícil amar e temer o mesmo ser, mas se tratando de deus, cada um inventa o que mais lhe é conveniente.



“SE DEUS É BOM, O DIABO NÃO É MAU, é o que diz um ponto de quimbanda, maneira afro-brasileira de se cultuar Esú sincretizando esse orisá com o diabo, culto glamouroso, etílico e pomposo criado no Brasil”. Usam-se imagens antropozoomórficas como deidades, guampas, rabo, tridentes, roupas vermelhas e pretas. Culto promovido principalmente por pessoas que afirmam seu alter ego por não terem acesso as festas black-tie.
No yin yang, símbolo do Taoísmo, pode se observar no branco um ponto negro, assim como no negro um ponto branco, um contendo uma pequena parcela do outro, seu oposto.Assim como na astrologia, os opostos contêm dentro de si uma pequena parcela um do outro, e dessa forma se complementam.
Nós ocidentais separamos Deus (um doce velhinho de barbas brancas, bondoso e misericordioso) que chamamos de bom e de pai (no inglês good é bom e god é Deus) e o Diabo assustador,não confiável,sensualmente desnudo e animal,mau (no inglês evil é mau e dévil é diabo) em eterna luta entre eles.O bem sempre acaba vencendo, mas segundo a Bíblia a maioria dos pobres mortal irá arder com o diabo no fogo do inferno, e poucos seguirão para o céu escolhidos depois de julgados por seu ainda mais bondoso filho Jesus Cristo que morreu para nos salvar (mas pelo jeito não salvou), gozar da eterna bem aventurança no paraíso.
É, parece que democraticamente o Diabo vencerá; mas aí como poderemos nos basear naquele ditado que diz que a voz do povo é a voz de Deus?
Por outro lado, o Diabo sempre nos promete dinheiro, amor, prazer carnal, abundancia, liberdade de ação e pensamento, enquanto Deus nos ameaça com a danação e castigos eternos que assustam qualquer acéfalo (tipo de gente que no mundo não falta).Mas o Diabo é inteligente e é ele que me faz pensar assim para me enganar depois, diriam os cristãos.
Como pode o Diabo ser ruim oferecendo tantas dádivas e Deus ser bom ameaçando, limitando, proibindo, e até mesmo rindo da danação humana? Esse Deus assim se parece muito com Zeus (Júpter) que se diverte com os pobres mortais para satisfazer seus caprichos, usando os humanos como meras peças de um jogo de xadrez.
Esse Deus moralista e carrasco que conhecemos foi criado numa época moralmente caótica, pois se assim não fosse não seriam necessários tantos mandamentos, castigos, ameaças e proibições para um povo tão bom e inocente.
De onde brota a raiz do mal que causa tanta violência e desumanidade há milênios?Não seria por culpa da velha trilogia FAMÍLIA, TRADIÇÃO E PROPRIEDADE?Trilogia que causa diferenças sociais que acabam revoltando os oprimidos gerando a violência urbana, familiar e internacional?
É muito fácil se dizer uma criatura de Deus quando com a barriga cheia, sentado em uma confortável poltrona e com altas cifras na conta bancária.Mas com fome, frio, sem futuro, se revela nossa besta e é no DIABO que se encontra esteio, porque nossos instintos de sobrevivência falam mais altos e mandamos tudo pro inferno, nossos conceitos de moralidade e princípios escorrem pelo ralo, porque nos apercebemos de que nossa miséria está em detrimento à riqueza das boas e filantrópicas (filantropias abatidas no imposto de renda) criaturas de Deus, que por sua vez pacificamente e em nome do bom Deus que cultuam promovem guerras, calamidades e discrepâncias tipo estabelecer territórios no espaço sideral, enquanto milhares de seus semelhantes morrem de doenças curáveis, fome, frio e na mais profunda ignorância promovida pelos filhos de Deus.Que Deus! Com um assim não se precisa de Diabo...Mas é claro que os filhos de Deus precisam do Diabo pois é com ele que eles dominam,usurpam e põe a culpa de todo o mal desse mundo.O Diabo é o bode expiatório e também a galinha dos ovos de ouro dos filhos do bom Deus e seu filho Jesus Cristo.
Não tenho nada contra Cristo, aliás ele é tão vítima quanto o Diabo,pois em seu nome se ganha muito dinheiro fazendo o contrário do que ele falou.Não é por menos que Cristo é adorado morto, pregado numa cruz, indefeso, impotente, passivo, mas emoldurado e coberto de ouro e pedras preciosas.
Já está mais do que na hora de revermos velhos conceitos e idéias em relação a Deus, Diabo, humanidade, humanismo, sem a pretensão de superioridade entre raças, castas, ou até mesmo em relação a outros reinos da natureza; pois o mundo é uma bola só que se interdepende.
No livro Dogma e Ritual da Alta Magia Eliphas Levi nos ensina:
“O grande iniciador do cristianismo, compreendendo que a luz astral estava sobrecarregada dos reflexos impuros de depravação romana, quis separar seus discípulos da esfera ambiente dos reflexos e faze-los atentos unicamente à luz interior, a fim de que, por meio de uma fé comum, pudesse comunicar-se mutuamente por meio de novos cordões magnéticos a que chamou graça, e vencer, assim, as correntes transbordadas do magnetismo universal, ao qual dava os nomes de diabo ou satã para exprimir a sua putrefação. Opor uma corrente à outra é renovar o poder da vida fluídica. Por isso,os reveladores nada mais fizeram do que adivinhar,pela exatidão de seus cálculos,a hora própria das reações morais.”
Os mitômanos e usurpadores nada mais fazem que seu papel de vender seu produto facilmente digerível, fabricado durante milênios, agora é só lucrar, desfrutar e aproveitar a colheita do que foi “bondosamente” implantado em nome da uniformidade do comportamento humano.São idéias que já estão enraizadas como baobás há muito tempo no consciente e inconsciente coletivo, tirando o sono daqueles que não mais acreditam em papai Noel e coelhinho da páscoa, daqueles que ainda pensam com suas próprias cabeças, daqueles que seriam chamados filhos ou possuídos pelo inimigo, pelo demônio.
A palavra demônio vem do grego daimon, que quer dizer inteligência.
Sandra Mara Corazza nos explica bem isso:
“Diabo é a tradução grega do satanás hebraico. Significa opositor, adversário, inimigo. Já, demônio é gênio, espírito, inteligência, Sócrates tinha _ou Platão inventou que tinha –o seu daimon particular, com quem dialogava. A junção diabo/demônio começou a ocorrer com a Inquisição e fortaleceu-se com a invenção do inconsciente individual na Modernidade. Então, diabo/demônio passou a ser importante na educação dos infantis, na pastoral cristã do medo, na ordem mundial capitalista, nos divãs de edipianização, em todas as máquinas binárias de Estado.Exerceu uma função positiva na cultura do ocidente,foi um importante fator construtivo de novos governos,sociedade,racionalidade,tempo-espaço,organização do trabalho.”





ALGUNS DEUSES E ANJOS TRANSFORMADOS EM DIABOS


LÚCIFER (Luz Astral)

Os romanos chamavam o deus grego Fósforos ou Eósforos de Lúcifer.Correspondia o planeta Vênus, a estrela do pastor, estrela da manhã, e vésper (Hésperos) como estrela da tarde.
Os cavalos de montaria eram associados a Lúcifer por ser ele responsável de atrelar e desatrelar o carro do sol com as Horas.Por isso Lúcifer tem o título de “o portador da luz”.
Filho de Zeus (Júpter) e Eos (A Aurora) é ele quem anuncia a chegada de sua mãe.
Lúcifer é associado com o elemento ar, rege o planeta Vênus, sua cor por essa razão é azul, mas também o verde, sendo a esmeralda sua principal gema.Pois conta o mito que o santo Graal foi talhado de uma esmeralda caída da coroa de LÚCIFER.Por estar associado ao elemento ar, Lúcifer se vincula com o intelecto, raciocínio, eloqüência, pensamento, plano mental.
Sua guna correspondente é sattvas (calma, inteligência, lucidez, equilíbrio emocional, discernimento, evolução espiritual) e o seu metal é o mercúrio.
A direção de Lúcifer é o leste, seu número correspondente é o 9, o elemento que se consagra a ele no altar é o incenso.
Como Síva e Shakti, Lúcifer tem também seu aspecto feminino que é Lilith, da união dos dois, nasce à figura andrógina do Baphomet, o Bode de Mendes.
Segundo Madame Blavatsky:
“Não há seres absolutamente depravados, como não há anjos absolutamente perfeitos. Ainda que haja espíritos de luz, como Lúcifer, o espírito da liberdade de pensamento e da iluminação intelectual é, metaforicamente, o fanal luminoso condutor, que ajuda o homem a encontrar seu caminho através dos arrecifes e bancos de areia da vida, pois Lúcifer é o logos em seu aspecto mais elevado e o Adversário em seu aspecto inferior, refletindo-se ambos em nosso ego.”
Segundo Alberto Cousté:
“É um dos mais belos entre os anjos decaídos, e sua formosura é especialmente melancólica, com uma sombra de dor que cobre continuamente a suavidade de seus traços. Costuma-se dizer que nesta característica reside a chave de sua sedução, já que não há nada de mais irresistível para o coração humano do que o sofrimento unido à beleza.Sob o nome de IBLIS ou EBLIS, os muçulmanos adjudicam-lhe o haver sido amante de nossa primeira mãe, quando ela foi abandonada por ADÃO. Diferentemente do que ocorreu com LILITH, os amores deste casal teriam sido prolongados e extraordinariamente fogosos, mas sem chegar a produzir descendência.”

LILITH E POMBA-GIRA

Lilith foi a primeira mulher de Adão, mas o desobedeceu e foi viver no inferno e lá teve sete filhos.
Lilith simboliza a libertação da mulher da submissão ao homem.
Aqui no Brasil Lilith se faz análoga com o mito de Maria Padilha mulher de sexualidade liberada que viveu no Recife sendo ela uma divindade autóctone brasileira cultuada na quimbanda, como Pomba-gira (princípio de Esú,Bombo-gira).
Pomba-gira é mulher de cabaré, pois gosta de homem casado e não admite ter dono, assim como as “virgens” (sacerdotisas prostitutas da antiguidade,que não tinham maridos e copulavam em ritos orgiásticos)
Nos cânticos da quimbanda, Maria Padilha é invocada muitas vezes como a mulher de Lúcifer.
LILITH-DEUSA NEGRA-ESCORPIÃO-ÁGUA (O Oráculo da Lua-Caroline Smith e John Astrop)
“A figura tradicionalmente alada de Lilith está de pé, com as mãos erguidas, cada uma segurando um anel e uma haste da autoridade real da Suméria, região da Babilônia”.Ela é uma criatura híbrida, parte mulher, parte pássaro, seu corpo nu e sensual contrasta com as poderosas garras em seus pés.Ela é vigiada pela ave da sabedoria-sua filha, a coruja.Uma serpente, o símbolo tradicional da vida, da morte e da transformação, enrola-se a seus pés.A serpente é a própria Lilith, como era em seu papel de tentação, no jardim do Èden.Ela está emoldurada pela Lua Nova a qual representa.De seu cabelo nasce a frutífera árvore da vida e a queda do homem.A espada ao seu lado representa sacrifício e extermínio.A esfera flamejante no punho da espada sugere purificação e evolução espiritual.
Aos pés da imagem acha-se o símbolo do signo de Água de Escorpião e o disco lunar da deusa Negra.
O Mito
O caráter de Lilith é cheio de contradições, entrelaçado por várias lendas e tradições.De acordo com as escrituras Judaicas, ela foi criada juntamente com Adão.Recusando-se a concordar com a exigência de Adão de submeter-se a ele, ela fugiu usando o Impronunciável Nome de Deus.Adão queixou-se a Deus de sua solidão, que então criou Eva, seguindo-se a “queda” e a expulsão do Èden.
Adão culpou Eva pela sua queda, separou-se dela e por algum tempo voltou a unir-se a Lilith, antes de retornar finalmente para Eva.Nesse intervalo, Lilith deu a Adão vários filhos, que se tornaram demônios.Após a reconciliação de Adão e Eva, Lilith tornou-se rainha dos demônios; em algumas versões, ela é a esposa de Samael, em outras ela permanece só.
“Como rainha dos demônios, dizia-se que ela matava os bebês em seus berços em seus primeiros dias de vida.”











SATÃ
Satã (Por Roland Villeneuve):
“Nascido do contato da angelogonia caldaica com o masdeísmo, depois do cativeiro judaico na Babilônia, Satã que até então era apenas um servidor submisso, é erigido em rival de Deus, em feroz adversário e contraditor.”
Satã é também chamado de “inimigo” pelos judaicos cristãos devido á escravidão judaica na Babilônia.
Seu elemento é o fogo e sua direção cardeal é o sul.Por isso sua guna correspondente é rajas, pois Satã domina as emoções, energia, fogo, brilho, agitação.
O número que corresponde a Satã é o 6, número da besta, natureza animal do homem e de seus impulsos de sobrevivência e prazeres.
Vermelho é a cor que cabe a Satã, pois representa a luxúria, vingança, raiva, impulso sexual.
Com as chamas se reverencia Satã no altar, e o planeta correspondente a ele é marte, pois Satã nos impulsiona, nos dá iniciativa e pioneirismo, nos concede a coragem para ousar, usar e abusar de tudo que a vida nos pode dar de bom.Como dizia Crowley: ”Faze o que tu queres há de ser todo a lei.”
Nas palavras de Madame Blavatsky: ”Satã é a sombra necessária para destacar a Luz pura, que seria invisível sem o seu oposto, a sombra.”




BAPHOMET

O contrário de Tem ohp ab, abreviatura de Templi omnium hominum pacis abbas=O pai do tempo, paz universal dos homens.
Figura antropozoomórfica usada pelos cavaleiros templários.Sentado em um cubo que fica em cima da esfera terrestre na posição de lótus, um braço, o direito apontando para cima, a lua branca e o braço esquerdo apontando para baixo, a lua negra.Em seu braço direito está escrito SOLVE e no braço esquerdo COAGULA.
No meio de seus cornos em cima de sua cabeça de bode arde a chama em uma tocha simbolizando a inteligência humana e a superioridade da alma sobre o corpo bestial.
Em sua testa está grifado o pentagrama com uma ponta para cima símbolo do homem dominando os quatro elementos: água, terra, fogo e ar; na mesma seqüência Leviatã, Belial, Satã e Lúcifer; oeste, norte, sul e leste.
Seus fartos seios femininos representam a maternidade, a mãe terra supridora da vida.
Suas asas e penas no tronco mostram sua natureza volátil e angelical.
O caduceu ocupa o lugar do falo se destacando no ventre coberto de escamas verdes que significam o elemento água circundado por meio círculo azul representando a atmosfera do nosso planeta.
Essa deidade panteísta demonstra uma cosmovisão do absoluto numa forma realista dentro de uma conotação humana, sem negar o nosso lado bestial em contrapardia ao lado angelical e celestial, o Adão Cadmon com o Adão Belial.
Eliphas Levi em sua descrição do Baphomet, acompanhada pela bela gravura por ele tão bem desenhada no ensina:
“Quanto os homens são desgraçados na sua ignorância, mas também quanto desprezariam a si mesmos se chegassem a conhecê-la!”

BELIAL

Associado com o senhor da terra Belial corresponde ao norte, a riqueza da terra, o sal da guna Tamas que corresponde ás trevas, ignorância, indolência, inércia, instintos animalescos, morte, beleza física, graça sedutora e dignidade, vício pelo vício, patrono dos sodomitas (chega até mesmo participar destes atos), rebeldia e desobediência, embriaguez e todos os vícios, corruptor e sedutor dos adolescentes, especialista em mentir.
A cor correspondente a Belial é o negro e seu número correspondente é o 1.



CRONO (SATURNO)
Crono (por Marie-Jossete e Bénéjam-Bontems):
“Em as leis, onde Platão propõe uma versão utópica do mito de A Política, Crono é apresentado como um legislador prudente que, para evitar o despotismo inerente aos homens de poder decide confiar a administração das cidades aos” seres de uma raça superior e mais divina,os demônios.”(leis 4, 713,c-d)”.
Os resultados dessa administração divina são a paz, a justiça, e a abundância.
O “mito de Crono”, no final da análise platônica, é o mito do governo divino, concebido como governo da sabedoria, apto a realizar “a felicidade da espécie humana” (leis 4,713 e).
...SATURNO entra, portanto, na literatura latina com os traços de um deus vencido, exilado do céu na terra, que encontrou refúgio na Itália onde faz reinar a idade do ouro.
Crono (por P.Commelin):
“Segundo filho de Urano e da antiga Vesta, céu e terra”. Depois de castrar e destronar o pai obteve de seu irmão mais velho (Titã) a graça de reinar em seu lugar.Crono desposou Reia, de quem teve muitos filhos, que devorou conforme combinara com seu irmão Titã.
“Reia (Cibele) salvou três filhos de Crono; Zeus, Poseidon e Hades e a filha Hera, irmã gêmea e esposa de Zeus.”
Concluindo então, a tirania de Crono (Saturno) causou sua queda destituindo sua condição de deus e trazendo-o para viver entre os mortais mostrando-lhes uma sociedade mais justa, pacífica e próspera.

HADES
Depois de destronarem seu pai Crono (Saturno), Zeus, Poseidon e Hades dividiram os três reinos da seguinte forma:Zeus ficou com o Olimpo (que corresponde o Céu, mundo celestial), Poseidon (Neptuno) tomou posse do mar, e Hades herdou o mundo infero, subterrâneo, o Inferno (que passou também a ser denominado Hades).
Portanto Hades tem uma grande associação diabólica, não só por reinar e denominar o próprio inferno e trazer acesa uma chama azul sobre a sua cabeça, mas também por tomar Perséfone contragosto fazendo dela sua esposa.Mostrando assim o papel do diabo como controlador dos fatos da vida que não podemos controlar.Pois associamos sempre ao diabo as fatalidades e calamidades que nos assaltam.


LEVIATÃ

A Bíblia sempre coloca a serpente como símbolo do pecado, a personificação do diabo, da perdição, morte e danação.Quando sonhamos com cobras nos dizem que seremos traídos.Isso porque as cobras foram adoradas na Índia, Egito e em muitas outras zonas mitogenéticas como símbolo da evolução espiritual e transcendência.
Leviatã é representado pela cor azul, pois seu elemento é a água, simbolizando o caos original.O homem em sua expressão emocional.Matéria e espírito, yin e yang, ordem e caos.
Sua direção cardial é o oeste, pois o oceano atlântico fica a oeste do velho mundo.Simboliza também a continuidade e a preservação da espécie, o instinto de reprodução, o ciclo de nascimento, vida e morte, e o contato do consciente com o inconsciente através de nossos sonhos.
Concede aos homens (e as mulheres, e a quem gosta de aventuras) fama, honras e glória, viagens, sucesso no comércio, ascensão social e política, grande sedutor das celebridades femininas.



BELZEBU


Belzebu é conhecido pelo epíteto de “Senhor das moscas”, sua imagem ficou associada aqui no Brasil com a figura do Baphomet, e na quimbanda é cultuado como Exu Belzebu, sendo usada a figura do Baphomet como sua deidade.É sempre descrito de forma antropozoomórfica, hora sentado num imenso trono, usando uma fita de fogo a testa, rosto inchado, olhos brilhantes, peito estufado de maneira imponente com ar ameaçador.Outras descrições o trazem com asas de morcego, chifres, patas de ganso, corpo excessivamente coberto de pêlos, e outras características assustadoras.
Alguns demonógrafos colocam Belzebu ocupando o segundo lugar na hierarquia infernal, outros afirmam que após a rebelião dos anjos caídos Belzebu destituiu Satanás e passou a reinar em seu lugar.
Segundo Bodin Belzebu é a divindade maior dos povos de Canaã, e posteriormente transformado e associado ao Diabo pelas religiões monoteístas.



SETH

Deus Egípcio associado com o mal, irmão de Osíris, Isis, Neftis (sua esposa que tem um filho com Osíris chamado Anúbis). Existem muitas lendas que contam as perseguições de Seth com o intuito de vencer ou desmoralizar seu irmão Osíris e seu sobrinho Hórus.Mas com as interseções de Isis, Seth nunca sai vitorioso, voltando sempre a atentar contra suas vítimas.
Seth é representado antropozoomórficamente com o corpo humano e a cabeça semelhante à de asno, ás vezes, em certas esculturas ou afrescos também como serpente, antagonizando Hórus em forma de sol como o olho de Rá.

Um comentário:

  1. Lindo. Seu texto esclarece as dúvidas mais secretas de todos os seres que precisam trilhar a senda da magia. Adorei. Parabéns, mestre!

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