segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Ori Inu

Conta o mito, que Ori Inu arranhava a cabeça de todos. Certa feita ao arranhar a cabeça de Sàngò deixou o mesmo muito irritado. Sàngò foi logo lhe perguntando:
-Como Ori Inu se atrevia tocar na cabeça de um rei?
Ori Inu então deixa Sàngò paralisado lhe tirando à dinâmica, explicando ao rei que lhe tocara a cabeça por ser ele a parte divina de Olódùmaré que habita em cada um de nós (no chakra cardíaco), sendo ele quem escolhe o Irúnmolè que vai dar Òrìsà (força na cabeça) na cabeça do indivíduo, Irúnmolè que seja mais adequado para nos dar Ire (bondade) na vida do Iaô (iniciado).
Na mitologia comparativa associamos Ori Inu com o deus Ptah egípcio, com o Ãtmã hinduísta, com o Divino Espírito Santo do Cristianismo, com Ruah Há-qodesh (sopro divino) do Judaísmo, com a Natureza de Buda do Budismo, com o Daimon dos Gregos; e com qualquer definição que nos faça parte integrante de consciência divina do Absoluto.
Nos rituais de iniciação se abre alguns chakras (principalmente o coronário) com pequenas incisões (pequenos arranhões feitos com navalha) para que Ori Inu possa sair e se expandir, adicionando assim elementos relacionados com o òrìsà correspondente ao iniciado.O ofó cântico diz:
-Forí, forí ó (tu sobressais, sobressai)
Olórí má ta yò (sobressai continuamente)
Olórí forí ta yò (use sua cabeça para sobressair continuamente)
Encontramos aqui uma forma de expansão de nossa consciência interior conectando-se com uma consciência superior, que é aquilo que chamamos Deus ou Absoluto, O Todo para ser mais objetivo, pois o Deus Supremo em todas as religiões, sejam elas politeístas ou monoteístas, maniqueístas ou panteístas, é sempre apresentado de forma quase inatingível, onipotente, onisciente e onipresente.
Para saber o Irúnmolè que foi escolhido por Ori Inu para dar Òrìsà na cabeça do Iaô é preciso recorrer ao oráculo, pode ser através do Opelé Ifá ou do Cauri (jogo de búzios) de outra forma ou de forma inadequada é muito perigoso se trocar à cabeça do iniciado, o que traria sérias complicações na vida do mesmo, como uma transfusão de sangue feita com um sangue de tipo ou fator RH diferentes do que tem o receptor.
O homem contemporâneo civilizado perdeu quase que por completo a relação com o divino subtraindo as tradições e os rituais de iniciação ao amadurecimento, substituindo os mesmos pelo vestibular, a universidade, o casamento, e outras formas competitivas de demonstrar seu valor; catalogando assim à religiosidade que passou a ser usada como simplesmente pompa e formas de aceitação da sociedade.
O filósofo americano Joseph Campbell, difusor da mitologia comparativa universal coloca a necessidade do homem de vivenciar o mito, pois somente dessa forma o homem poderá estar conectado e harmonizado com o Absoluto.
O arquétipo que vivenciamos através de iniciações que os reconhecemos nos leva em direção do auto-conhecimento, podendo assim nos conscientizar dos aspectos negativos e subtraí-los como dar ênfase as nossas aptidões positivas.

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