segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

RESUMO DO MITO DA CRIAÇÃO


Olódùmarè (dono dos odús maiores, deus supremo) ordenou a Osanlá (òrisà maior) a tarefa da criação do mundo, entregando a ele o saco da criação, este saco é composto por três cores: branco que corresponde à essência; preto que corresponde ao destino (odú), e o vermelho que corresponde ao àse [veículo, chave que nos abre o caminho para receber energia positiva (ire) ou negativa (osobo)].
A escolha de Olódùmarè provocou indignação a Èsú, pois esse tinha o desejo de ser o criador do mundo, sendo assim Èsú sabotou três vezes a trajetória de Osanlá fazendo em sua terceira tentativa que o mesmo sentisse sede e bebesse vinho de palma.Embriagado, Osanlá adormece e Èsú rouba-lhe o saco da criação entregando a Olódùmarè na esperança de ser o próximo escolhido para a tarefa, mas para sua surpresa Olódùmarè elege Obatalá (rei do branco, primeiro ser criado, correspondente ao Adão Cadmon) para a tarefa da criação do mundo.
O mito da criação se segue com o uso de uma galinha e de um pombo que ciscam a terra e a água para misturar e sulcar formando assim os rios, as montanhas, os oceanos e vales.
Quando Olódùmarè vem na terra (aiyè) traz consigo 801 Irúnmolè [seres especiais, com tarefas relacionadas com a criação do mundo e do homem, podiam se transportar telepaticamente entre o òrun (céu) e o aiyè (terra), forças telúricas que compõem a natureza].Com Olódùmarè voltaram 401 para o espaço (òrun), que são denominados Òkànlénírinwó Irúnmolè, ficando aqui os Igba Irúnmolè Ojúkòtún (200 da direita) e os Igba Irúnmolè Ojúkòsì (200 da esquerda) como intermediários do absoluto (Olódùmarè).
A espécie humana é filha genérica de Iemoja e individual de Òsun, deusas que na mesma ordem são mãe e filha, pois Òsun é filha de Osanlá e de Iemoja.
Assim como na Grécia antiga nós humanos somos influenciados pelos deuses arquetipicamente, pois para cada indivíduo é escolhido um Irúnmolè para nos dar força na cabeça (Òrisà), nos concedendo assim Ire (bondade) para facilitar nossa trajetória sobre a face da terra.
Ori inu (cabeça interior, deus interior, centelha divina) é quem escolhe o Irúnmolè mais adequado para nos dar Òrisà (força na cabeça, traduzindo: “ele olhou e escolheu”), pois Ori inu habita em nosso chakra cardíaco, correspondendo nossa natureza divina.Sendo assim nos identificamos com nosso Òrisà, com suas características físicas e com sua personalidade da mesma forma que ocorre com nosso horóscopo; com a diferença que a influência do Òrisà é relacionada ao mesocosmos enquanto a influência do horóscopo corresponde ao macrocosmo.Esta conotação se encaixa perfeitamente quando recorremos à religião comparada ou mitologia comparativa universal, pois os Irúnmolè se enquadram perfeitamente nas mitologias Grega, Romana, Egípcia, Indiana e Nórdica.Mas isso é assunto para um outro capítulo específico ou até, se nos aprofundarmos muito, para um livro à parte.
Outra semelhança do mito Yorubano com as outras mitologias é a mortalidade, esse mito é chamado de Ita da imortalidade: “No início os seres humanos não morriam mas envelheciam e se tornavam muito chatos, insuportáveis, então Olófin (outro nome de deus) chamou Ikú (morte) e lhe ordenou tomar a providencia de criar um dilúvio de forma que os velhos afundassem e os jovens flutuassem”.Isso não quer de forma alguma menosprezar a condição anciã, pois na tradição Yorubana todo o mais velho é respeitado e referido como Babamí (meu pai) ou Yamí (minha mãe) sendo responsável por todo o mais novo no que se refere à educação e a criação do mesmo.

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